A Federação de Karatê-dô Tradicional do Paraná trabalha para que a seleção estadual consiga ótimos resultados nos campeonatos brasileiro e pan-americano.
POR PAULO PINTO / GLOBAL SPORTS
16 DE AGOSTO DE 2023 / CURITIBA (PR)
A diretoria técnica da Federação de Karatê-dô Tradicional do Paraná (FKTPr) realizou no dia 22 de julho mais um treino da seleção estadual em preparação para o Campeonato Brasileiro que se realizará em setembro, em Salvador (BA), e para o Campeonato Pan-Americano, programado para novembro.
Além de participar das atividades práticas no Centro de Esportes São Marcos, em São José dos Pinhais, atletas e professores assistiram a palestras de Gilberto Gaertner, psicólogo e chairman da Federação Internacional de Kararê Tradicional (ITKF na sigla em inglês), e da experiente sensei Keith Sato.
Antes do Campeonato Brasileiro, os atletas da seleção paranaense ainda disputarão o campeonato estadual, mais uma oportunidade para polir o treinamento e fechar os ajustes finos para o torneio nacional. Jean Laure Edoardo de Oliveira, presidente FKTPr, acredita que, como sempre, o Paraná trará muitas medalhas e estará entre os melhores do karatê do Brasil.
“Com toda certeza o Paraná ficará no top cinco do Brasil, ou até no top três. Sempre obtivemos resultados expressivos com atletas muito dedicados e bem treinados, decididos no que vão fazer. A equipe está unida e todos os atletas estão torcendo um para o outro.”
Ricardo Buzzi, gestor técnico da FKTPr, confia em bons resultados em Salvador. “Tivemos diversos eventos preparatórios neste ano e, apesar de todas as dificuldades, como os custos para a competição, devemos mostrar boa qualidade. Acredito que voltaremos entre os cinco melhores.”
Entre as maiores dificuldades enfrentadas pela modalidade atualmente, Buzzi apontou a fragmentação do karatê em diversas federações e o falecimento nos últimos anos de diversos mestres japoneses, como os senseis Júlio Arai, Watanabe, Tanaka e Inoki, cuja marca diferenciava o karatê tradicional de outras federações e entidades, tanto nas áreas técnica e filosófica, quanto nos setores organizacional, financeiro e mercadológico.
“Nossa resposta para isso sempre tem sido o foco e o trabalho constante, valorizando os princípios do karatê tradicional frente a essa miríade de organizações sem representação efetiva e sem fundamentação histórica e técnica. Continuaremos fortalecendo nossa técnica e nosso histórico, baseados no legado do sensei Nishiyama e dos outros mestres. Nada nos tira deste caminho.”
Palestras fazem a diferença
Jean Laure ressaltou o amplo conhecimento sobre o karatê, e os esportes em geral, dos palestrantes convidados. “Sensei Gilberto, chairman da ITKF e um dos principais nomes do karatê mundial, conhece como poucos todas as atualizações técnicas promovidas pela entidade. Muito exigido em eventos internacionais, conseguiu um espaço em sua agenda para nos conceder esse privilégio.”
No começo deste mês, Gaertner já havia manifestado sua satisfação em participar de eventos da FKTPr, confirmando que só não o faz com mais frequência devido à quantidade de compromissos exigidos pelo cargo. “Tem sido uma grata surpresa a desenvoltura da atual diretoria da FKTPr. O presidente Jean Laure e sua equipe realizam um trabalho muito interessante no fomento democrático da nossa modalidade, realizando vários cursos descentralizados, e não mais restritos aos dojôs da Grande Curitiba”, afirmou.
Gaertner classificou como “o tripé técnico da modalidade” os treinamentos específicos para a seleção e os cursos para filiados, árbitros e técnicos, que “são a base de desenvolvimento de uma federação esportiva”.
A sensei Keith Sato, informou Jean Laure, trabalha na parte de fisiologia, acumulando grande conhecimento sobre treinamentos esportivos. “Mas ela não se limitou aos atletas da seleção, lembrando aos professores presentes que os alunos de academia também precisam de preparação física que os mantenha em alto nível e sem contusões.”
O presidente da FKTPr demonstrou grande satisfação com o conteúdo das palestras, mas lamentou que alguns professores não tenham conseguido assistir a elas e participarem do treinamento. “Certamente ficaram um pouco tristes, mas os atletas que vieram, com muita vontade de aprender, saíram muito satisfeitos.”
Preparação física
Profissional de Educação Física, mestre em ciência do movimento humano e doutoranda em tecnologia em saúde, Keith Sato pratica karatê há 33 anos é yon-dan (4º dan), tendo o mawashi-geri e o uraken-uchi como técnicas preferidas. Em sua palestra, falou basicamente sobre treinamento desportivo aplicado ao karatê, enfatizando as questões fisiológicas e mostrando como montar a preparação tanto de atletas e quanto de praticantes que buscam qualidade de vida e saúde.
“Espero ter ajudado e feito as pessoas entenderem um pouco da importância da ciência na aplicação cotidiana de conhecimentos”, avaliou. “Muitos senseis trabalham empiricamente, repetindo o que os nossos antigos professores já falavam de forma muito boa, mas são necessários ajustes lançando um novo olhar tanto no ensino, quanto na prática da nossa modalidade.”
E comparou: “É como cuidar do tempero ao fazer um arroz com feijão. É preciso saber quando é necessário um intervalo maior de recuperação, observar como está sendo feita cada atividade, quais as variáveis de aptidão física mais importantes para o momento, como numa preparação para exame de faixa, por exemplo.”
Sensei Keith usou uma nomenclatura simples, evitando termos científicos, para que atletas de diferentes idades pudessem absorver ao máximo os ensinamentos. “Quando se trata de transmissão de conhecimento numa única palestra, o desafio é saber se as pessoas realmente compreenderam. Mas é muito comum que as pessoas mais interessadas nos procurem depois para conversar e ampliar o horizonte.”
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